As palavras e as coisas


Neste país de pouco apreço pelo estudo, pela reflexão, pela compreensão, as palavras têm valor de verdade. Se repetidas à exaustão criam "verdades", cada vez mais difíceis de serem refutadas. Alguns por aí, bem mais espertos que nós, descobriram isso e estão criando uma realidade paralela e nos aprisionando nela.
Vejam a inteligência dos nomes que escolhem para suas bandeiras: Movimento Brasil Livre, Escola sem Partido. Ou para seus inimigos: Ideologiade gênero, feminazi. Quem pode ser contra que o Brasil seja livre? Quem pode advogar a ideia de que as escolas devem ter "partido"? Que melhor estratégia de desqualificar a urgente questão da desigualdade entre homens e mulheres que chamá-la "ideologia". Ou associar o feminismo ao nazismo?
Ao invés de enfrentarmos os monstros reais estamos nos tornando fadados a lutar contra moinhos de vento. Ao invés de falarmos de desigualdade de gênero temos de convencer antes que não se trata de uma "ideologia". Que as escolas precisam sim do "partido" da pluralidade, da liberdade de pensamento e expressão. Que precisam ensinar comunismo e liberalismo. Que a história do pensamento humano não pode ser censurada. Que a censura é um partido. O pior possível.
O que deveria ser uma batalha em cada frente, virou duas.
E estamos ficando sem armas porque esse inimigo é insidioso, manipulador e nós, amadores e ingênuos. O iluminismo não nos serve mais para nada. O marketing está vencendo o pensamento. De goleada. (outubro/ 2017)

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