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Minha memória mais antiga é de um objeto verde. Um pedacinho de plástico qualquer que achei no quintal da casa para onde a família se mudara. Um monte de terra e um brinquedinho improvisado. Devia ter 2 anos. Ou 3. Anos passaram e deles restaram umas poucas fotos  em branco e preto. Delas saem umas lembranças fabricadas de vestidos azul, lilás, vermelho. Todos com babados e cianinhas. Coisas que caíram em  quase desuso. As avós caprichosas do interior ainda as utilizam em panos de pratos. Aqueles de saco alvejados e algum bordado.  Nas fotos, cabelinho alinhado com as pontas para cima, como as estrelas de hollywood  dos anos 50. Grace Kelly. Nunca sorrindo. Aprendi a sorrir para as fotos depois dos trinta e cinco. Descobri que era o jeito de parecer bonita. Antes, apenas as evitava. Mas aquele verde me persegue. Tento encontrar o tom e a forma. Ele foge na incerteza de uma coisa lembrada ou sonhada.