No coração do mundo e do Brasil
Em 2000, Sérgio Bianchi lançou Cronicamente inviável. Era uma hipérbole do pior da sociedade brasileira. Ali via-se as relações violentas de classe, de raça, de gênero; o cinismo e a hipocrisia da classe média; a destruição ambiental; a corrosão moral de todos os personagens; a indústria cultural como mediadora da repressão política e social; o arrivismo dos pobres. Não há clemência para ninguém. Não chega a ser um grande filme, mas é um ícone cinematográfico no registro da miséria brasileira. Outro filme importante que retrata o pior do Brasil é “Baixio das bestas” de 2007. O filme de Cláudio Assis é também avassalador ao expor a violência como eixo principal das relações sociais. No caso, o filme foca principalmente na questão da violência sexual contra meninas e mulheres, as relações de subserviência entre a elite e os pobres, o embrutecimento de todos. Desde a paisagem até as pessoas, tudo é bestializado. Quando a tela é tomada pelo vermelho do fogo nos canaviais, o expe