Minha memória mais antiga é de um objeto verde. Um pedacinho
de plástico qualquer que achei no quintal da casa para onde a família se
mudara. Um monte de terra e um brinquedinho improvisado. Devia ter 2 anos. Ou 3.
Anos passaram e deles restaram umas poucas fotos em branco e preto. Delas saem umas lembranças
fabricadas de vestidos azul, lilás, vermelho. Todos com babados e cianinhas. Coisas
que caíram em quase desuso. As avós caprichosas do interior ainda as
utilizam em panos de pratos. Aqueles de saco alvejados e algum bordado. Nas fotos, cabelinho alinhado com as pontas
para cima, como as estrelas de hollywood
dos anos 50. Grace Kelly. Nunca sorrindo. Aprendi a sorrir para as fotos
depois dos trinta e cinco. Descobri que era o jeito de parecer bonita. Antes,
apenas as evitava. Mas aquele verde me persegue. Tento encontrar o tom e a forma. Ele foge na incerteza de uma coisa lembrada ou sonhada.
As mulheres não estão se comportando bem
Quero dizer uma coisa. Está muito difícil ser mulher neste país. Não começou em 2018, mas se agravou desde então. O presidente é um militante da promoção da violência contra nós, mulheres. Por palavras, gestos e ações ele não se cansa de mostrar seu desprezo pelas mulheres. As frases são conhecidas e já entraram para os anais da história do machismo e da misoginia no Brasil. As ações são institucionais: a mínima representação feminina não apenas nos cargos de primeiro escalão mas em todas as instâncias de governo; o item da reforma da previdência proposta por seu governo que permitia que mulheres grávidas trabalhassem em condições de insalubridade; o corte na verba do programa de prevenção à violência doméstica. Os exemplos práticos de uma política de rebaixamento simbólico e extermínio são muitos. Políticas de extermínio? Nossa, que exagero dirão alguns. Não é exagero. A maior parte das políticas de extermínio não pretende de fato exterminar, mas antes controlar, dirigir, criar
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